segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Espiral

Per Capita foi outro de meus poemas que não se tratavam exatamente de mim. Este é diferente dos demais por ser mais uma crítica que uma lamentação. Ainda assim, pertence as 13 poesias deste projeto. E imaginar que o fiz quando pedi a um conhecido para escolher um tema para uma próxima poesia e ele disse "felicidade". Não ficou como ele queria e eu não gostei também, haha. Mas depois de alguns comentários de outras pessoas Per Capita passou a ser um dos meus favoritos.

Espiral (16/04/08)

Ouvi uma voz me despertar de um longo e surreal sono

Sonhos multicoloridos passam para um branco sem brilho
Renascer pode ser mais doloroso que morrer para sempre
Se não há uma mão para me segurar

"Uma espiral de essências divide a matéria do inexistente

Para a criação se faz necessária a destruição"

Calor humano não preenche o vazio deixado por memórias falsas

Nem sorrisos substituem uma falecida família
Confusões grotescas aspiram um sombrio olhar avermelhado
E crescem de dentro para fora, numa espiral dilacerante

"Tal como o tornado azul a padecer duas vidas

Originando uma terceira, mísera criatura sinistra"

Marcas do sol morrem na pele,

Sinais do tempo destroem lembranças
O cata-vento agora perdido neste vendaval
Jaz num turbilhão de esquecimento e perigos

"E engasgando a quarta cria do bem,

a torná-la tão presa quanto aqueles tristes servos"

Caindo das nuvens, algo está acima de sua cabeça

Águas mancham tão profundo quanto o azul do oceano
Rios levam a margem do verde enferrujado,
iluminado por baques de metais letais
Urra o sacrifício ao sangrar, caindo num longínquo precipício
Sai a vida, pára o tempo, o fim de um velho dilema

"A verdade permuta o passado, iludindo o presente

E todo o resto escorre na ignorância de uma espiral transparente"

A brisa de hoje é tão nostálgica

Que leva uma pequena vontade de parar meu coração
E descansar acompanhado do vento para acalmá-lo
Junto com todas as dores que foram carregadas

Um dia, com apenas um toque, a roda do tempo voltará a girar

E formará um furacão de eventos irreparaveis, até o fim de uma nova tempestade

2 comentários:

Anônimo disse...

Arturia, passei para dar uma olhada em seu blog e ver suas poesias ~

Vou reler o que já li, e conhecer as que ainda não vi x)

VSam disse...

Arty,

Começar a ler esse texto ja dá uma sensação de rotacionalidade ( ? ) incrível. A começar pelo título. Depois, o desenrolar do conteúdo e a forma como as estrofes são apresentadas, me fazem ter uma visualização meio que "cíclica" de todo o texto. Não sei se foi essa a intenção, mas eu leio o "Espiral" de forma cíclica. Em espiral.

Keep doing this,
Weick. ^^