quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Nossa chuva

Para onde Caminhar foi, a meu ver, o vale de minha tristeza. O ponto mais profundo do abismo que mergulhei, embora talvez tivesse mais ainda o que descer. Ou, como prefiro ver, era o fundo do mar. Faço questão de dizer com clareza boa parte do que escrevi naquele poema que mais me marcou.

Me via totalmente perdido, tudo era despotado, sem cor, sem vida. E continuar a viver me parecia sem significado, tedioso e monótono, se não doloroso. Era como eu via o mundo, era como eu via como estava. No fundo do mar,um lugar escuro, que me apertava, que me levava, que me sufocava. Frias e pesadas, eram as correntes, tanto do mar quanto de ferro, que me guiavam naquele mundo (ou que me estagnavam, se preferir). E eu continuava a tentar sair de lá, embora só visse escuro a minha volta, estava perdido.

Violação de direitos, que disse ali... Foi como me senti ao ouvir de algumas pessoas que eu tinha porque tinha de melhorar, como se eu não tivesse o direito de estar/ficar triste... Diga isso para alguém que chora, algum dia vai levar uma sova. Era um lugar solitário e, por fim, percebendo que todo aquele oceano foi formado por minhas próprias lágrimas, continuava a caminhar na busca da saída.

Posso dizer que hoje não estou fora daquele mar, mas pelo menos estou em sua superfície. Talvez em algum momento eu afunde de novo, talvez em algum momento eu encontre a terra firme...

Nossa chuva (09/09/08)

Uma gota no crepúsculo

Atravessa célere o celeste
A primeira numa série de eventos
seqüenciados e terríveis como uma torrente
fragilizando nossa oração
e reluzindo em nossa solidão

A confusão que se seguiu

e que inibiu a luz da crença
não tão distante de nós
e ainda indecifrável
mascarada, escondida
voraz perseguidora de anseios
devorou nossa compaixão

É como girar de olhos vendados

Sentindo as gotas frias tocar as costas
E o som pesado das águas abafar sua voz
Por favor, não me deixe

A paisagem que nos pertence

Colorida como o céu nublado
Ainda parece caminhar para longe
Como que sugerindo um rumo a tomar
Umedecendo nossos sentimentos
na nostalgia de nossa história

A chuva que caiu

e que rasgou os nossos laços
em batidas lentas e persistentes
Agora se afasta suave como uma brisa
Como se nada tivesse acontecido
Empecilho egoísta e prepotente

É como cair desacordado

Sentindo seu calor se dissipar
E a força em suas asas se esvaecer
Por favor, não me largue

O ciclo pluvial de erros nos atingiu

Sedimentou o meu coração de pedra
E agora que o sinto despedaçado
Moldo o seu rosto em minhas lembranças
Como se isto bastasse para retornar

É como elevar-se sem liberdades

Observar distante os sorrisos falsos
E caminhar de mãos fechadas, para amenizar a solidão

É como gravar um vídeo do passado

E revê-lo vezes sem conta
Esperando que o tempo também regrida
Sonhando com um novo céu azul

Nossa chuva ainda caina época paralisada pelo choque

E este desejo se precipita entre tantos outros
Por favor, não me esqueça

Um comentário:

Aru disse...

Po, cada dia melhor. Esse ultimo fikou muito bom...
Vai lá que tu tem talento. Flw.
Ah e Caio, boa sorte com esse blog.