sexta-feira, 23 de abril de 2010

Fragmentos da mente (2)

"Eu crio o que posso sentir. E sinto o que posso criar."
De alguma forma estes toques têm aparecido mais fortes. Repentinamente mais intensos, como se ordenassem algo das mais profundas áreas do meu ser. É um estranho desejo enroscado em dores, uma forma de vida que cresceu apaticamente nos últimos tempos, para explodir em seus mais fortes sonhos, prender-me numa teia feita por mim mesmo, e lá no fundo posso sentir a corda em volta do pescoço.
Foi algo tão próximo, e que agora parecia adormecer calmo, e talvez aqueles olhos serenos já estivessem mais despertados do que eu previra. Talvez eu não previra nada, nem vira, só senti. E que sensação estranha, ser puxado para dentro de sua própria criação, sentir sua angústia, deixar que revivessem um momento que jamais existiu. Um aperto tão sólido...
Não é a primeira vez, mas renuncio à minha criação, inclino-me perante sua vivacidade. Inunde-me outra vez com sua história, conceda-me o conhecimento de suas experiências e me guie adiante.

Lá no fundo, ambos sabemos que estou aqui por isso...

terça-feira, 6 de abril de 2010

Ser ou deixar de ser?

Uma questão simples que aos poucos amontoou minha cabeça com dúvidas. Sei que se perguntar a outros em busca de uma ajuda, as respostas serão: "seja!" pelo menos para a maioria que me importa. Então, qual é o problema em ser? Não desta forma, creio, parece que algo não está certo. É como se o propósito de sua criação tivesse sido alterado profundamento, dando-lhe outro significado... E isso confunde tudo. E daí? Pode somente seguir em frente sem saber de nada? Não, porque tudo se reflete no futuro...
E que futuro teria uma criança já nascida pública? Que esforços deveria eu medir agora por algo cujo frutos podem ser ou não colhidos no tempo adequado? Ser ou deixar de ser aquilo que se esperou? Sinto que a mudança será como um aborto...
Espontâneo por si mesmo nasceu, e agora tendo sua singela liberdade ameaçada, mais parece uma cria prestes a ser assassinada. Está certo, confesso que não chega a atingir tão altos pensamentos, mas está longe de ser uma simples questão, esta do ser.
Sendo, é mais, deixando de ser, é mais também, mas de um modo um tanto desagradável.

Onde está a luz quando se precisa dela?
Pergunto-me onde estará este ser que faz do seu lar as entranhas dos pensamentos...

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Sumiço

Por vários motivos, muitos deles desconhecidos, mas todos motivos que não explicam nada, mais semelhantes a grandes incógnitas que organizam uma equação sem resposta, está sumido. Todos os elementos escondidos, sumidos, de dentro daquele que deveria vergar seu ego num pedido que nada tem de vergonhoso, muito pelo contrário, tal ação (mais sábia do que nobre, mais sóbria do que dolorosa) poderia salvar muito além do previsto. Os pensamentos embaralhados naquela mente pouco devem considerar o que está esperando pouco adiante, sendo mais fácil escolher a toca à luta. Batalha que nada tem a perder e tudo tem a ganhar, ou manter, ou rever, ou conquistar. Ou nada mais.
Nada mais a fazer. Aguardar já foi dito, e feito. E o que foi feito não pode ser revertido. Não há mais tinta que possa consertar aquele borrão, não tem mais o que pedir para que se dê um jeito. Como sempre, resta apenas a estrada individual que não mede a vista do horizonte, nem escolhe quem a percorre. Mas sempre foi assim, sempre foi à frente.

Saiba apenas que o pedido jamais feito já foi respondido. E a resposta é simples, é sabida, é: sim, eu perdoo.