Nossa chuva é... Provavelmente o meu poema preferido. Uma vez eu li em algum lugar que poemas são formados em momentos. E sei que com o tempo o sentimento que nos levou a escrevê-los pode desaparecer, acontece comigo também. Mas com este poema é diferente, eu ainda sinto toda sua força ao relê-lo e o adoro por isso. Creio também que é uma "evolução" minha na hora de compor. E está aí, você pediu, Vini, então eu postei (postaria mesmo se não pedisse).
Onda (19/10/08) ~ (27/10/08)
Suas palavras são documentos para minha alma
E suas atitudes ferem meu amor
Sorrateiramente uma loucura se depositou
Em pilastras que nem Ele salva
Mesmo sabendo disso, ainda não reagiu
Mergulhando num mar de desejos
O emaranhado de freqüências oculta sua presença
E a saudade parece acariciar gentilmente
As alucinações de uma doce fantasia
E mesmo que o vento mude de direção
Sinto que nada se transformará
Pois este clamor remete ao princípio
de um ondeado ciclo perverso
É como viver em um quadro
Estagnado e deixado para trás
Onda,
Este afeto de cristas e vales
Fingi se mover entre nós dois
Onda,
Em picos e depressões de transes
De periodicidade insensível
Onda,
Incapaz de refletir os anseios
Nem de levar consigo alívios
Minucioso toque depreciativo
Abalando sentimentos tangentes
Decompõe a razão e exalta o egoísmo
Estremecendo mundos interiores
Calamidade que devora a si mesma
Vejo o afluxo sobrepor-se a esperança
Vejo a forma real de um medo fantasmagórico
Ouço a dor em gemidos distantes e estrondosos
Ouço sua clara desaprovação restringir-me
Oro para que estas desavenças não originem
Uma fissura nos laços frágeis tão desgastados
E que esta onda de ternura tão calorosa regresse
Pura e incontrolável, poderosa e eterna
Onda,
Este afeto de rapidez indesejada
Aparenta arruinar-se nas próprias colisões
Onda,
Sem lugar para se propagar
Perturbação de dimensões colossais
Onda,
Inclina-se na ida e volta
De uma prece sem realização
Meus dizeres são documentos para sua essência
E minhas ações ferem a sua gratidão
Sorrateiramente um rancor se depositou
Em pilastras que nem posso enxergar
Mesmo sabendo disso, ainda não lhe abracei
sexta-feira, 12 de dezembro de 2008
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