segunda-feira, 12 de julho de 2010

Tépida frieza

Aconchegante como noite de verão, na qual a brisa que corre e desliza no rosto pode trazer um cheiro de paz, uma morna tranquilidade após um dia agitado, apagando assim as cinzentas cores dos retratos que seus olhos tiraram da vida. Ou reconfortante como o sol num dia de inverno, tornando tépida a frieza instalada mais ao fundo em si mesmo, como uma mão que acaricia as tristezas da alma.
Assim me aparece essa tépida frieza, que me faz translúcido como um copo d'água, permanecendo à vista um pouco de minha própria sombra mergulhada na luz. Nem todo um, nem todo outro. Um dilema em sua essência, um paradoxo da mente que insiste em tocar ambos os lados com a mesma mão. Em entender o que leva e o que traz com a mesma intensidade que remexe os sonhos onde vozes e carinhos familiares se perdem no ofuscamento dessa miragem.
Calma imagem invertida esperando tornar-se direita como sempre fora. Com esta lua sob meus pés e a escuridão no céu sem estrelas. Doce solidão que vem e passa sem jamais deixar um beijo de boa noite, um arrepio de presente.

Reflito e reflito, assim, em vigília nos meus sonhos, até onde estou entregue ao sono e até onde minha consciência está em mim. Penso até onde é real essa calorosa friagem que me segue quase no fim...