quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Uma vida no escuro

“Eu estava à espera. Há tanto tempo, neste lugar escuro e desabitado, eu estava à espera. Sempre que podia, olhava o pontilhado luminoso tão distante, lá fora, onde não alcanço, nem se usasse todas as minhas forças. Quase sempre aquele brilho chegava a mim como um luminoso céu estrelado, algo realmente fascinante. Mas hoje está como o céu nublado, opaco. Não há luz aqui. Nunca teve. E eu estava à espera, há tanto tempo, neste lugar que pouco tem a mostrar, até que finalmente fui chamado para fora da casca.”

Saber de uma verdade que mais ninguém pode desfrutar nos torna mais livres ou mais prisioneiros? E quando o preço por esse conhecimento é superior ao estimado? Coisas não tão agradáveis podem acontecer. Essa nova sabedoria, que deveria chegar como uma luz, mais parece tornar tudo escuro, preso, dependente e enfraquecido. Doente, por assim dizer. Para os que estão fora deste círculo, a falsa verdade, essa luz com brilho colorido, deformada e construída de maneira a hipnotizar a todos, passa sem revelar a verdadeira cor da vida. Da energia que a vida traz consigo. Por fim, a confusão que deveria ter dominado a todos no momento em que aquilo explodiu se tornou, com o tempo, um agradável espetáculo controlado por mãos invisíveis. Mãos que estão além da verdade e que podem tocar aquilo que você deseja proteger.
É assim que este mundo segue girando. Entre os devaneios forjados por uma minoria seleta e os gritos silenciosos de uma multidão amordaçada. Além daqueles que nada veem, nada ouvem e nada sabem, vagando por entre as ruas de ferro e pedra como mortos-vivos sem vontade própria, existe uma sombra que procura por sua própria paz que só pode ser encontrada lá fora.

O que está fora da casca? Apenas saindo para conhecer...

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Estranha lembrança, imprevista mudança (três anos)

Apesar de ter planejado algo diferente para este ano também, não tão diferente do que fora feito na vez passada, mas apenas diferente do habitual, não poderei seguir os meus pensamentos desta vez. Do ritmo que este lugar tem sempre, saindo um pouco desta névoa codificada A Miragem da Utopia e caminhando vagarosamente para outro título, o qual não necessito mencionar aqui. Este, por sinal, também faz parte do tema deste lugar, uma ilusão, um sonho, uma miragem que ganhou vida e forças e que me guiou por muito tempo. Três anos hoje, sendo preciso, e tudo que havia esperado para esta data foi deixado de lado. Por quê? Essa é uma boa pergunta...
Não tenho certeza, nunca tive. Aliás, é raro ter certeza de algo quando se está numa névoa, não? Pois é. Aqui ainda é a tal névoa, não se esqueça. E mais, um lugar cheio de miragens e ilusões, assim sendo, apenas lerei o que vejo nesta estranha paisagem que a vida formou diante de mim.
Se antes tudo havia parado no caos, então esta etapa já fora ultrapassada há muito. Pouco depois da época em que fora citada aqui, mas o que veio depois não constará aqui desta vez. Porque houve uma mudança, imprevista, e que tornou tudo estranho. Turvo, para falar a verdade. Ainda está lá, mas os meus olhos neste momento não conseguem distinguir muita coisa. Por isso, como programei nos últimos tempos, estou me descansando disso. Jamais sonhei que estaria ratificando isso num aniversário, mas é o que faço, então não há volta. Por enquanto.
Tudo vai passar, mais uma vez, num emaranhado de sensações esquisitas aqui por dentro até estar pronto para ser apreciado novamente. Até lá, que durma. E talvez, nesse meio tempo, outra flor esteja para desabrochar. Mas isso não é algo para ser dito hoje. Não hoje.
Então vamos lá, de novo, para um memorial daquilo que me mudou, transformou o meu ser em outro, agora mais esperançoso, e que ainda segue o seu rumo indefinido como um cometa no espaço de minha alma. Já não tão escura e solitária, mas isto também não é algo para ser dito hoje.
Aqui fica, portanto, uma lacuna, daquilo que deveria ser e acabou por esvair-se sem aparente motivo numa data talvez não tão esperada. O movimento que deveria ter sido feito será adiado por mais um destes ciclos que chamamos de ano até que o meu ser se recomponha do mal que o cerca (invisível, diria, e que não deveria gerar preocupações alheias, mas sei que vai simplesmente por ser mencionado aqui).
E minhas sinceras desculpas para a obra que fiz e que faço e que será deixada em segundo plano apenas por enquanto.
Por último, agradeço a todos que fizeram parte de meu despertar até o momento, para a ilusão mais valiosa, e para este espacinho.
A Miragem da Utopia.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Proximidade

Estado de próximo. Ou ainda: pequena distância e, entre outras coisas, arredores. Isso explica tudo, uma vez que entendemos que há algo sempre próximo de nós, mesmo que não percebamos. Ou, talvez, estivemos tão concentrados em tudo e em nada que não vimos algo crucial para nossa vida se achegar devagarinho, de mansinho ou mesmo em sua naturalidade chamativa, enquanto nós, distraídos ou absortos, nem damos a devida atenção. A partir daí, o encontro que deveria ser esperado (tanto no sentido de previsto, quanto no de desejado) chega como uma grande surpresa. Um trovão violento.
E foi assim que veio, como uma chuva forte no final da tarde, já quando o sol se inclinava totalmente para cessar a luz daquele dia quando você ainda tinha tanto o que fazer. Como continuar? Bom, só olhando com calma, após o susto, e planejar, já em tão pouco tempo, o próximo passo. Tomar um caminho diferente, ou forçar a escolher um. Tanto faz. O que importa é que alguma atitude deve ser tomada perante à proximidade. Proximidade de que? de quem? Não importa também. Apenas a proximidade. Daquilo que você sabia que viria e por desleixo deixou chegar sem avisar (ou sem o seu alerta).

Desta vez, com a nova proximidade, minha atitude será um pequeno sorriso, do tipo cansado, e desejar bom descanço para o sonho que se manteve acordado já por tanto tempo, se esforçando, comigo, a dar os passos à frente. Agora, é a vez de outra ilusão tomar forma, nascer, dar seus primeiros passos e seguir em frente, até quando seu descanso também se aproximar. E quanto a mim, nada sei. Nem de proximidades nem de descansos, só sei que, por enquanto, dou formas àquilo que não as tem e dou vida aos sonhos meus. Por ora. Um dia, talvez, também darei aos sonhos teus. Mas esta época ainda não está próxima, nem de agora, nem de amanhã. Pois somente se tornará uma alternativa quando estes meus sonhos adormecerem outra vez, no seu devido tempo. O próximo, creio. Sim, porque há sempre algo próximo...
Nem que seja o fim.