quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Ódio fumegante

De um dia para outro o sonho quase se despedaçou. Um período tão curto que não deu tempo de assimilar a ameaça e acendeu e apagou tão depressa. E por sorte apagou, por enquanto. Viver um sonho é complicado quando qualquer pessoa pode te despertar. Pior é quando quem mais quer te despertar é alguém que odeia. E por um instante tudo parece girar, apenas para cair exatamente onde estava, aborrecimento inútil.

Mas foi este aborrecimento que despertou certa "agressividade" que buscava faz tempo, para um outro trabalho, que guardava para mais a frente. E para que tanto planejamento? Mostro aqui a resolução de um dia recente, de um desejo antigo.



Ódio fumegante (26/02/2009)

Intransigência não é uma arte
Para você exibir orgulhosamente
Suas ações caem como toras
Numa pilha de sujeira e desgosto
Pairando com este odor de fumaça e embriaguez

Há cerragem posta sobre seus olhos

E que se deposita no seu corpo gentilmente
Suas agressões se espalham como faíscas
Transformando todo o cenário feito para você

Queime tudo

A vida, a casa, o passado
Leve tudo de volta ao tempo, pois este não cura nada
Finda a sua história, torne-se pó
Fumegado em seu próprio ódio
Torne-se cinzas de ira
E vá embora com o vento

Você não vive num mundo de estátuas

Onde todos posam de forma semelhante
Pretende caminhar entre todos como o único errante
E a ausência de cor tranquiliza seus olhos
Até o momento que tudo desaba perante sua ridicularidade

Há papéis a volta de seu quarto

Contando os nomes daqueles que te odeiam
Quanto mais se rasga, mais nomes caem sobre você
Afogando toda a segurança que pretendia obter

Incinere raiva

Sozinho, caindo, nas trevas
Arda ao tocar os frutos de seus pecados
Finda a sua prece, apenas uma mancha escura
Punido em seu próprio rancor
Torne-se restos de ira
E deseje um lugar para descansar

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Fragmentos da mente

"Eu crio o que posso sentir. E sinto o que posso criar."
Incrível como podemos absorver parte de coisas que nós mesmo fizemos. Emergir sentimentos que antes eram desconhecidos e beber destas mesmas sensações. Banhar-se num poço de seus próprios fragmentos. E sofrer por isso.
Ser capaz de mudar a si mesmo usando sua mente? Ser capaz de adoecer somente porque seu coração pediu? De fato, nossa mente possui poderes estranhos...
Confesso que estas experiências trazem também um conhecimento curioso. Estas novas sensações me fazem sentir mais próximo de coisas que não são minhas, de vidas "alheias". Alguns sonhos nos assombram até quando acordamos ou nós mesmos que não os puxamos para a nossa realidade?
Me pergunto o quão perigoso estas coisas podem ser.
A resposta? Só tentando...

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Dois anos de Ilusão

Hoje completo dois anos desde o surgimento da ilusão mais importante de minha vida. Data que marca uma divisão em minha história, certamente. Separando uma época de total ignorância de uma onde, ainda que esteja em construção, uma réstia de luz paira distorcendo esta realidade desbotada. Ilusão esta dividida também em fases, algumas delas seguindo uma ordem cronológica, e outras, totalmente atemporais. Descreverei aqui parte dessas fases que para mim são tão importantes, misturando o sonho, a ilusão, a vida e a minha realidade.

“Cidades pequenas são apenas descanso para viajantes, principalmente para aqueles que estão buscando algo que a cidade pequena não pode dar. Um lugar pequeno e confortável onde todos são gentis. Um lugar onde nada acontece e todos são sinceros. Um lugar que não muda, e não muda nada nem ninguém... Ou pelo menos assim deveria ser. Queria que esta cidade fosse assim também, para mim, esta cidade mudou a minha vida.”
Imaginemos um mundo inteiro para se vagar. Verdades, cores, pessoas, situações. Sem nos prendermos a objetivos e lugares, apenas assistindo de tudo. No momento em que sentimos grandes perdas, às vezes irreparáveis, nos voltamos para uma busca com a finalidade de aliviar os sofrimentos. Imaginemos então apagar tudo, refugiando-se de tudo e transformando o imenso mundo numa pequena cidade pacata. Lá, encontramos pessoas que nos fazem sentir parte de sua família. Pessoas diferentes, porém boas. A princípio, essa nova “casa” parece temporária, mas aos poucos vamos acostumando-nos com aquela incômoda e refrescante presença, com a alegria que nos proporciona, com a saudade que nosso coração sente ao criar raízes ali. Por fim, a mudança, percebemos então que mudamos inesperadamente.


“Ódio. Um sentimento estranho. Quando nos movemos a partir do ódio não nos preocupamos com as conseqüências se o resultado desejado for alcançado. Não acha que o ódio se compara ao amor? Também nos movemos sem nos preocuparmos com as conseqüências até o resultado desejado se concretizar. Se o ódio nos levar a matar alguém, o momento da execução é levado como um momento de eterno prazer. Um momento de loucura pouco justificável, mas existente. O amor também é assim? Um momento? Talvez seja por isso que eu tenho tanto medo destes sentimentos...”
Uma vez que a vida sempre muda, nos vemos então perdidos entre sentimentos conflitantes e de pouca razão. Começo a odiar tudo, a odiar todos. Todo o ambiente começa a se modificar, as pessoas antes tão calmas e esperançosas mostram suas presas. Os inimigos aparecem então tudo é jogado no pequeno palco. Está na hora de abdicar tudo novamente.


“Amigos? O que posso falar deles...? Considerados o porto-seguro das pessoas, amigos permanecem ao lado em todos os momentos. Superando até a família em certos casos, principalmente quando se trata de importância ou presença. Quando estamos entre amigos sempre nos sentimos melhor, se estes forem verdadeiros. Dizem que mesmo os piores tipos de pessoas têm amigos. Esta é minha opinião, embora não seja apta a falar disso, pois não conheço direito a amizade...”
Se a raiva fez perder outra vez coisas importantes, agora só resta continuar a caminhar. Quem não parecia assim tão próximo, aquela pessoa que sempre lhe disse fazer parte da família revela ter sido sincera todo este tempo. Uma aproximação que mudará tudo, uma viagem de união. Nesta caminhada vemos pessoas que mostram toda a força de sua amizade. Vemos pessoas que por mais que estejam sempre brigando, tem a amizade como o alicerce de suas relações. E vemos pessoas que apesar de suas aparências, sempre nos ajudarão quando precisarmos.


“Caos. Vazio obscuro e ilimitado. Grande confusão ou desordem. Coisas como essas sempre passam em nossas cabeças quando falamos em caos, inconscientemente. Sem forma definida, temperatura ou consistência, algo vago demais para entender, não acha? Ainda que usem este termo inúmeras vezes, sinto que sempre levam para o lado ruim, quando às vezes é realmente necessário um pouco dele, conforme aprendi. Mas se eu tivesse que atribuir uma cor ao caos, não seria uma coloração escura, como um preto ou um roxo escuro. Mas sim uma cor clara... Um branco talvez... Sim... Um branco tão claro quanto à neve daquele lugar e que me recorda do caos que vivi naquele tempo...”
As lembranças da perda, a origem de toda a viagem, a saudade de um tempo de inocência, estas coisas realmente são capazes de nos corroer por dentro? Até quando a paz é construída por nós mesmos? Até quando a trilha que seguimos é segura simplesmente por ser usada por outros? Um dia o caos virá e resta apenas a nós acharmos a saída dele.


E aí me encontro, nesta nova fase dentro destes dois anos, quando o Caos retornou. Mas uma coisa é certa, esta ilusão está longe de acabar...

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

O tempo não volta atrás...

...mas as pessoas podem, pelo menos estas estão mais próximas do "regresso" que ele.

Creio que muitas vezes desejamos voltar no tempo para mudar algo que fizemos e deu errado. Uma grande perda. Um fracasso mais que frustrante. Mas o tempo não regride. Para nós, resta apenas duas opções: ou paramos e vemos tudo se movendo, como que estudando uma nova alternativa ou simplesmente deixando tudo desaparecer; ou continuamos a nos mover, a mudar e, eventualmente, mudamos para bem próximo de quando éramos em algum tempo.
Esta mudança semelhante dá a impressão de retroceder? Talvez seja tão sutil que passe despercebido uma idéia assim.

Alguns momentos parece que apenas saltamos. Em poucos instantes tomamos uma altitude completamente diferente da que estamos habituados e no momento seguinte voltamos ao chão. Às vezes estas quedas machucam, ainda assim, estamos diferentes de quando começamos tudo.
É como me sinto agora. Caí, e mesmo que esta queda me faça pensar que voltei atrás, não voltei. Foi apenas uma mudança, porém uma que machucou.

Lacrado. Talvez fosse a palavra mais próxima de como me sinto agora. E num breve instante de liberdade, escrevi um pouco de como me sentia. Não era o que queria fazer, mas não comando o que sinto. Quanto a todo o resto, outros projetos, estes escondem atrás de um sorriso que não é tão sincero quanto deveria.
Espero voltar em breve, e que este retorno não seja apenas para mostrar uma alternativa inesperada.

Olhares distantes (13/01/09)

Nossos olhos miram diferentes janelas
A paisagem expressa em nós mesmos
Revela qual futuro desejamos alcançar
Por isso estes desenhos nunca se completarão
E não adianta apenas olhar suas costas

Há alguém que dita para qual janela olhar

Uma imagem verde e triste contrariando o rosto risonho
Mas o seu coração, assim como o meu se difere em cores e formas
Cores rústicas em quadros de lágrimas
E o seu rosto oculto por máscaras

Um toque, uma mancha

Sem dor, sem chance
Um adeus, um olá
Sem saudade, sem amar

Para qual horizonte seus olhos apontam com tanto fervor?

Certamente não é o meu...